ADIÓS

Ninguém acreditava que ele de fato viria, mas desembarcou no Parque São Jorge.
Chegou de um jeito discreto mas cheio de prestigio, um rosto queimado marcado na infância pobre de seu país, vestiu a camisa 10 que lhe caiu muito bem e mostrou em pouco tempo um entrosamento único entre o seu estilo e sua forma de jogar, casando totalmente com tudo aquilo que a torcida corintiana aprecia e gosta de ver.
Por isso virou o centro das atrações e não foi por acaso.

Mostrou todo o seu enorme talento com as bolas nos pés e conquistou na humildade e com um sorriso tímido, contrastando com a forma kamikaze de jogar, os milhões de corações fanáticos da torcida.
Virou alvo de tudo, sociedade, imprensa, mídia em geral, torcida, árbitros e principalmente da fúria dos zagueiros adversários.
Encantou e cativou as crianças (tenho um exemplo em casa disso) que copiaram seu corte de cabelo, seu chapéu e sua dança pouco comum pelas bandas de cá, e provocou a ira (e a inveja) de seus rivais ao defender o Todo Poderoso como se fosse um mártir.
Venceu, foi o melhor em tudo enquanto esteve concentrado com a paixão alvinegra.

Depois talvez sucumbiu a alguns interesses conflitantes, dele e da parceria e infelizmente se perdeu.
E foi embora, assim, saiu de uma forma que jamais deveria e deixou incompleto um filme que poderia ter um final feliz ou ao menos mais digno, de acordo com o enredo.
Mas a vida é feita de decisões, muitas delas equivocadas, e só o futuro é capaz de mostrar a real dimensão dos fatos (o tempo se encarregará de cicatrizar as mágoas), ainda mais quando se envolve história, tradição e paixão.
E mesmo assim com tudo o que se passou, agradeço por ter vivido mais essa página iluminada da história do Corinthians e tê-la participado intensamente.

Obrigado e "adiós" Carlitos.

O Elton