O FUTURO DO 'SOCIAL'

Antônio Roque Citadini nunca escondeu de ninguém que não nutre nenhum tipo de simpatia pelo Departamento Social do clube.

Ele já deu várias declarações no sentido de que, se ele pudesse, o dinheiro do futebol não ajudaria em nada a pagar as despesas do lado social.

No último sábado tive a oportunidade de participar de uma conversa informal com Antônio Roque Citadini, na 'pracinha' conhecida como 'senadinho', lá no Parque São Jorge.

Questionado sobre o nosso eterno futuro estádio, Citadini foi incisivo ao afirmar que o estádio que em tese será construído pela Egesa, intermediada por Edgard Soares, não passa de mais uma lenda.

Pressionado a dizer o motivo dessa afirmação, disse que não poderia revelar, mas que há 'muita coisa enrolada', deixando no ar o que seriam essas 'coisas enroladas'.

Foi além, disse que o estádio será no Parque São Jorge!

Em que pese ele não afirmar, os boatos dão conta que Antônio Roque Citadini será peça chave nas próximas eleições. Isto porque ele é um nome de peso da oposição, e assumirá algum cargo na próxima gestão, desde que a chapa de Andrés Sanches não saia vitoriosa.

Paulo Garcia, dizem (o próprio Garcia está entre os que dizem), tem um projeto para construção de um estádio no Parque São Jorge, no terreno onde hoje é o estádio da Fazendinha e na parte de trás do estádio, que há anos está abandonada. Confesso gostar bastante dessa idéia.

Citadini, por sua vez, é mais radical. Por ele, todo o complexo do Parque São Jorge seria demolido imediatamente para a construção de um estádio no local. "E os associados que se danem... ninguém é sócio do Corinthians por causa da piscina, quadra de tênis etc." Ele ainda foi irônico ao dizer que usaria o "Ginásio do Wadih" para fazer um prédio de estacionamento.

Nada justifica essa forma agressiva de Roque Citadini contra o social do clube. Dizer que o social sempre sobreviveu graças ao futebol não é um argumento válido.

O Departamento Social é deficitário porque durante toda a história ele foi gerido de forma errada, o que aconteceu também com o futebol, razão pela qual estamos na segunda divisão neste momento.

Em São Paulo há inúmeros clubes que são tão somente 'clubes sociais', e que vivem sem a ajuda de um time de futebol do porte do Corinthians. Podemos citar, por exemplo, o Pinheiros, Paulistano, Espéria etc. E pelo que se sabe, nenhum clube desses corre o risco de ser fechado.
Ademais, o Corinthians é uma potência esportiva, com condição de se tornar uma potência olímpica.

Destruir o Parque São Jorge para a construção de um estádio significa abrir mão de toda a nossa tradição em esportes como a natação, o basquete, o volei, o remo, entre outros. Significa, em outras palavras, destruir belíssimas páginas da história corintiana.

A direção do clube tem de buscar meios de fazer com que o Corinthians volte a ter um número razoável de associados, número que, por sinal, vem crescendo bastante nos últimos meses.

Essa sim é a saída para o social, não a sua destruição.